Como recomeçar? As lições para o Brasil dar o próximo passo.
Como recomeçar? As lições para o Brasil dar o próximo passo.

Nos últimos dias, as imagens de crianças chinesas retornando às aulas em Pequim e Xangai, as duas maiores cidades da China, correram o mundo. A reabertura das escolas, após três meses de uma rígida quarentena, era o sinal que faltava para decretar oficialmente o fim do surto no país — ainda que a vigilância continue firme para evitar uma segunda onda de transmissões no país. No início de maio, após oito semanas seguidas em que pandemia atingiu seu pico, quase tudo voltou a operar na China: fábricas, shoppings, restaurantes, espaços públicos.

É esperado para o final do mês o encontro anual do Congresso Nacional do Povo, no qual 3.000 parlamentares vão se reunir pessoalmente. O retorno à quase normalidade da China contrasta com a realidade de boa parte do mundo ocidental, onde os países ainda lutam para reduzir as curvas de contaminação por covid-19. Mas, se em termos epidemiológicos impera a cautela em decretar o fim da pandemia, os governos não se furtaram em acelerar os planos de reabertura da economia, numa tentativa de conter o tamanho do desastre econômico que virá.

Estação de metrô em São Paulo: o baixo índice de isolamento social no estado poderá retardar a abertura da economia | Germano Lüders
Itália e Espanha, os países europeus mais afetados, com mais de 200.000 contaminados cada um, já liberaram o retorno de parte das atividades produtivas, mesmo com regras duras de convívio social. A França, com 168.000 infectados, planeja a reabertura de lojas, restaurantes e praias no dia 11 de maio. A Nova Zelândia, país que emergiu como modelo de combate ao coronavírus, só anunciou medidas para aliviar a quarentena depois de 95% dos contaminados terem se curado. No Brasil, que ainda carece de uma estratégia nacional de combate ao coronavírus e mais de 100.000 pessoas foram contaminadas, estados e municípios traçam as coordenadas de reabertura mediante a pressão da população.

Em Santa Catarina, a retomada do comércio teve início em 13 de abril, quando o estado tinha registrado cerca de 770 casos e 24 mortes. Na fase 1 permitiram-se a abertura de lojas de rua e os serviços autônomos. Na segunda fase, iniciada em 22 de abril, foram abertos shoppings, academias e restaurantes. Em Blumenau, o shopping Neumarkt preparou uma recepção para os clientes, que se aglomeraram na entrada do centro comercial enquanto eram recebidos por vendedores, ao som de um saxofonista. Na cidade havia 71 casos quando o comércio reabriu. Passadas duas semanas, na terça-feira 28 de abril foram registrados 194 casos, uma alta de 173%.