"Era uma criança saudável, uma criança espontânea. Se ela não tivesse contraído o coronavírus, ela não teria morrido. [...] Se importem. Porque infelizmente está aumentando os casos sobre crianças.". O alerta é do pai da adolescente de 13 anos que morreu em Campinas (SP) após contrair a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica pós-Covid-19, uma condição rara que pode atingir crianças e jovens até 19 anos. Foi o primeiro caso confirmado na metrópole.
Paulo César dos Santos, de 50 anos, trabalha como motorista. É casado, tem três filhos. Todos na família pegaram coronavírus entre dezembro e janeiro deste ano e fizeram exames, com exceção da caçula, Ana Clara Macedo Santos, que não apresentou sintomas. A família adotou os protocolos e se recuperou, sem gravidade.
Em meados de fevereiro, após cólicas que não cessavam, Ana foi hospitalizada e descobriu, por exame de sangue, que teve contato com o vírus. Ela morreu em 24 de fevereiro com falência em múltiplos órgãos.
"Não sabíamos que existia a síndrome, ficamos sabendo pelo hospital".
Ao G1, o infectologista pediátrico e coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Marcelo Otsuka, explicou que a maioria das crianças não desenvolve sintomas ao ser infectada com o vírus. Se desenvolve, acaba sendo a forma mais leve da doença.
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De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, a síndrome caracteriza-se por inflamações da parede dos vasos sanguíneos de órgãos como rins, articulações, sistema nervoso central e vias respiratórias.